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Zagueiro que sofreu ataque cardíaco em campo em PE morre aos 24

Um ano depois de sofrer um ataque cardíaco em campo, o zagueiro Edu Matos, 24, morreu na última quarta-feira, em Maruim, no interior de Sergipe. O jogador teve uma parada cardíaca, foi levado a um hospital da cidade, mas não resistiu.

Em 2010, Edu defendia o Araripina, clube que disputava o Campeonato Pernambucano, quando teve sete paradas cardíacas seguidas. A primeira, ainda em campo. Duas semanas antes da sua morte, a reportagem da Folha entrou em contato com a família de Edu para contar sua história.


Edu Matos cercado pela mãe e pai no último dia 6 de maio
Edu Matos cercado pela mãe e pai no último dia 6 de maio

Acácia Matos e José Carlos Santos, seus pais, comemoravam a estabilidade do quadro clínico do filho, que não vivia uma crise desde março.

Edu Matos passou mais de um ano em estado vegetativo, deitado na cama de seu quarto, na casa onde nasceu e se criou, em Maruim. Ele perdera a capacidade de falar, escutar e enxergar o mundo a seu redor.

Por mais de um ano, Acácia Matos deu um beijo e um abraço no filho todo dia. Imóvel, ele continuava olhando para o alto. Ela acreditava que o filho conseguia reconhecê-la.

"Um carro sem motor", foi a metáfora usada por Acácia para descrever Edu. Sem conseguir se mexer, ele só piscava os olhos.

A HISTÓRIA

No dia 27 de janeiro de 2010, o então zagueiro do Araripina enfrentava o Porto pelo estadual local. Aos 8min de jogo, o atleta caiu sozinho no gramado e teve convulsões.




O zagueiro Edu Matos recebe atendimento ainda no gramado no jogo contra o Porto, pelo Pernambucano de 2010
O zagueiro Edu Matos recebe atendimento ainda no gramado no jogo contra o Porto, pelo Pernambucano de 2010

Foi atendido por uma equipe médica ainda em campo e levado para um hospital da cidade, mas seu coração parou de trabalhar por longos intervalos. Ao todo, foram sete paradas cardiorrespiratórias.

A ausência de bombeamento de sangue causou a morte em massa de milhões de células do cérebro de Edu.

Os médicos disseram que ele nunca mais voltaria a ter uma vida 'normal'.

"Ele teve uma arritmia que levou a paradas cardíacas", informa Carlos Cleber, cardiologista que acompanhou Edu em uma de suas visitas à capital sergipana. O ex-atleta costumava ir três vezes por semana a Aracaju onde fazia exercícios de fisioterapia para que seus músculos não atrofiassem.

A família ainda guarda suas chuteiras, meiões, caneleiras e camisetas de futebol. "Está na mão de Deus o futuro dele", dizia seu pai, o chefe de obras José Carlos Santos, dias antes da morte do filho.

Toda terça à noite, um grupo de evangélicos da igreja que Edu costumava frequentar se reunia em volta dele para cantar e orar. O pai dizia que era o único momento em que Edu parecia se animar.

A família gastava cerca de R$ 3 mil mensais em alimentação especial, consultas e remédios. Eles lutavam pela aposentadoria do filho.

Dizem nunca ter tido nenhuma ajuda do clube pernambucano. Acusam o Araripina de não ter pago os impostos trabalhistas, razão pela qual não conseguiram retirar o benefício previdenciário a que o filho tinha direito.

O diretor jurídico do clube pernambucano, Leonardo Cruz, diz que a acusação é infundada e que Edu não recebeu sua aposentadoria por um problema de comunicação. "Não conseguimos entrar em contato com a família, não atendem as ligações", disse ele.

Nesta segunda-feira, cinco dias após a morte de Edu, sua família recebeu R$ 7.614 que a federação pernambucana depositou como doação. "Não é nem um terço de tudo que gastamos durante esse período", diz o pai, que pretende entrar com ação na justiça trabalhista. "Só quero receber o que ele tiver direito. Quando aconteceu [o ataque cardíaco], ele estava trabalhando, não 'vagabudando'."

Não há outros casos de doença cardíaca na família de Edu e seus pais dizem que ele nunca se queixara de dores. Ele tinha 23 anos quando seu coração parou.

A LEI

Desde dezembro de 2010, uma lei federal obriga todas as agremiações esportivas do país a fazer exames cardiológicos regulares em atletas.

A lei também prevê a obrigatoriedade de equipes de atendimento emergencial durante a competição. O objetivo é prevenir incidentes como o de Edu. Ou como o que matou o lateral Serginho, do São Caetano, em 2004. As entidades desportivas tiveram seis meses para se adequar à legislação.

A federação pernambucana afirma que todos os jogadores inscritos no campeonato local passaram por exames cardiológicos antes do certame. Edu inclusive, mas nada teria sido encontrado.

"Nesses exames, às vezes não se consegue detectar essa possibilidade de arritmia, a não ser que seja feito por um especialista", afirma o cardiologista Carlos Cleber.

O médico também levanta a hipótese de Edu não ter sido atendido com equipamento adequado. Em muitos estádios pequenos de futebol faltam aparelho desfibrilador, que auxiliam na reanimação cardíaca. "Provavelmente a desfibrilação não foi feita", disse o médico.

Fonte: Uol

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