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O Tubarão Mega-Boca

Parente do tubarão-elefante e do tubarão-baleia, ainda se sabe muito pouco sobre esta espécie.

O mar pode nos esconder segredos por muitos, muitos anos. Segredos pequenos e grandes, envoltos em azul, nas sombras da luz, nos reflexos dos movimentos de milhões e milhões de diferentes espécies de organismos. Ainda mal exploramos a superfície dos mares, quanto mais suas profundidades e a coluna d’água entre a superfície e o fundo.

Em 15 de Novembro de 1976, uma enorme surpresa bateu de frente com o barco de pesquisas AFB-14, do NOSC (Naval Ocean Systems Center), a quase 42 km de Ohau, uma das ilhas do arquipélago do Havaí, famosa pela base naval de Pearl Harbor.

Naquele dia, uma equipe de cientistas da Universidade do Texas terminava de testar um novo sistema de sonar. Pela manhã, após os testes noturnos, a equipe começou a içar a antena. A profundidade na área era superior a 4.500 metros. Qual não foi a surpresa a bordo quando o guincho encontrou grande resistência, como se a antena estivesse presa ao fundo! Aos poucos, com muito esforço, emaranhado em uma das âncoras de alto-mar, uma sombra tomava forma e, já junto à superfície, era possível observar um grande tubarão, com mais de 4 metros de comprimento!



A grande cabeça estava coberta pelo para-quedas e a primeira reação a bordo foi cortar as cordas. A cabeça parecia não existir, resumida a uma boca, gigantesca, repleta de dentes e da qual projetava-se enorme língua negra. Os grandes olhos do bicho fitavam o vazio, encarapitados em focinho redondo. E a boca escancarada e com parte do para-quedas ainda dentro dela!

Decidiram levar o peixe para o porto e chamar os cientistas. Nunca havia visto nada igual. Depois de horas de trabalho, o animal foi parcialmente içado para bordo e, já à noitinha, quando o barco chegou a seu destino, uma turba de repórteres aglomerava-se à espera do “monstro marinho”, o Megamouth, o Megaboca.

Os estudos posteriores, realizados pelo Dr. Leighton R. Taylor, do Waikiki Aquarium de Honolulu, e seus colegas L.J.V. Compagno, da Universidade de San Francisco e Paul J. Struhsaker, também de Honolulu, e publicados em Julho de 1983, esclareceram o mistério:

O tubarão pertencia a uma espécie inteiramente nova para a ciência, um animal jamais visto e do qual nem se desconfiava existir! E, ainda por cima, era realmente grande, medindo 4,46 metros e pesando 750 kilos. Fora capturado bem ali, a 42 km de uma das bases navais mais seguras do mundo, constantemente monitorada, em plena Guerra Fria... por puro acaso!

As características do Megamouth, nome pelo qual passou a ser apelidado, não se enquadravam nas de nenhuma das famílias de tubarões até então existentes e foi criada uma família nova, única, especial para ele: a Megachasmidae. E o nome de batismo refletia bem a primeira impressão de Gallagher: Megachasma pelagios (Taylor, Compagno e Struhsaker, 1983). O nome do gênero, Megachasma, significa “enorme boca-aberta” e o da espécie, pelagios, “que vive na água aberta”, “longe do fundo do mar”.

Até o momento, menos de 30 destes tubarões foram capturados em todo o mundo, inclusive em águas brasileiras. Alcança até 5,5 metros e mais de 800 kg. Vive na coluna da água, da superfície aos mil metros de profundidade.

O Megaboca tem hábitos virtualmente desconhecidos. Praticamente tudo o que sabemos deriva de interpretações dos dados de captura/observação e do único exemplar monitorado no Pacífico, em Dana Point. Este, por seu tamanho, não teria como ser mantido vivo, nem mesmo no enorme Aquário de Monterey. Assim, foi afixado a ele um emissor de sinais de rádio, que funcionou por 50 horas e permitiu acompanhar a profundidade por onde se deslocava o peixe durante tal período.



É um tubarão que migra conforme o movimento de seu alimento, o zooplancton. Assim, durante um ciclo de 24 horas percorre a coluna d’água entre os 10 e os 200 metros da superfície, sempre em regiões de grande profundidade, ainda que relativamente próximas a terra. Tanto nas águas costeiras do Havaí como no Japão e na California existem grandes fendas, canyons e depressões submarinas, o que permitiu sua captura a pouca distancia da costa. No caso do peixe do Brasil, este foi pescado na borda do talude continental, por barco de pesca de grande calado, em áreas de águas profundas.

As áreas prateadas na boca do Megaboca tanto podem ser bioluminescentes como refletoras, agindo então como espelho e refletindo a luz biológica que muitos organismos do zooplancton são capazes de emitir. De qualquer forma, atrai o alimento para sua boca. Pela análise dos estômagos de alguns dos exemplares, verificou-se que o Megaboca é um “filtrador”, isto é, nada com a boca aberta alimentando-se de pequeninos crustáceos de águas abertas, muito abundantes em todos os mares.

Certamente o Megaboca é peixe arredio, assustadiço, fugindo à menor ameaça, uma das razões de ser tão raramente observado. Um fato relevante é sua capacidade de bombear água através das brânquias, permitindo que respire mesmo parado, o que é raro entre os tubarões. Esta capacidade foi evidenciada quando o Megaboca de Dana Point permaneceu vivo, amarrado à amurada de um barco, antes de ser libertado.

Fonte: iG

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