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Missão: contratar e manter

Não basta a empresa ter em seu quadro de pessoal funcionários com deficiência. O desafio é segurá-los por bastante tempo. Pesquisa mostra que apenas 6% das companhias realizam um plano para reter esses colaboradores


Cansado de trocar de emprego com frequência, o cadeirante Carlos Augusto Lopes decidiu ser servidor público concursado
Três empregos em apenas quatro anos. Quem já passou por isso, como o cadeirante Carlos Augusto Lopes, 40 anos, sabe que trocar regularmente de ocupação não é fácil. A cada nova situação, uma nova adaptação. Para ele, que se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas desde os 16 anos de idade, as dificuldades acabam multiplicadas. Mas o problema não é exclusivo de Carlos Augusto.

Segundo a pesquisa Inclusão de Profissionais com Deficiências — Fatos e Dados, realizada com 72 empresas privadas, entre agosto e novembro de 2010, pela Plura Consultoria, especializada no ramo, o turnover nesse segmento chega a 80%, número considerado acima da média pela realizadora do levantamento. Para a empresa, a causa é óbvia: apenas 6% das empresas consultadas realizaram algum projeto para reter o funcionário com necessidades especiais. O diretor da Plura e idealizador da pesquisa, Alex Vicintin, afirma que “as empresas fazem muito esforço para contratar, mas pouco para manter”.

Fonte: Adimite-se/Uai

A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que estipula uma cota mínima de empregados deficientes de acordo com o número de colaboradores de uma empresa, colaborou para o aumento de ofertas de empregos a esses profissionais, mas não fixou tempo mínimo de permanência. Isso dificulta a retenção desses funcionários, como explica Enílson Pestana, diretor do Instituto Aprender, organização que atua, entre outras coisas, na empregabilidade de Pessoas com Deficiência (PCD’s). “Com PCD’s, acontecem coisas como contratar e deixar ali. É claro que ele vai ficar insatisfeito”, afirma. Um problema comum, segundo Pestana, é para chegar ao local de trabalho. Ações básicas como pegar um ônibus exigem mais de quem tem necessidades especiais e pode causar atrasos com mais frequência. “ Um cadeirante, por exemplo, tem de acordar uma hora mais cedo que os demais funcionários para chegar na hora”, calcula Pestana.

Boa aposta
E não é só isso. Para Carlos Augusto, também é necessária uma boa dose de sorte: “Muitas vezes, o ônibus não parava no ponto e não me deixava no trabalho”. Ele explica que os motoristas não sabiam lidar com a situação, principalmente quando o veículo estava cheio, e que o atraso não era compreendido pela empresa de tv a cabo onde trabalhava. “Não entendiam que, para mim, era mais difícil chegar lá”, lembra.

Antes da empresa de tv a cabo, Carlos Augusto trabalhou em um posto de gasolina integrante do projeto Cidadão Capaz e em uma firma de tecnologia. Ao ser demitido do último emprego, investiu o tempo livre no estudo para concursos. A solução foi uma boa aposta e, desde junho de 2010, ele é secretário no Centro de Ensino Fundamental 206, no Recanto das Emas. Foi o primeiro concursado do local a ter necessidades especiais. Segundo a diretora da escola, Maria
Ignez Ventura, isso está longe de ser um problema: “ O Carlos é um excelente funcionário”. Ela afirma também que não tiveram de fazer adaptações, já que a instituição estava preparada para a possibilidade. Para Carlos Augusto, o funcionalismo público é a solução ideal: “Não me imagino trabalhando de novo em uma empresa privada”.

pesar de também ser concurseiro, Carlos Kuba, 28, cadeirante desde 2002, não tem a mesma opinião de seu xará. O faturista nos laboratórios Sabin e graduando no curso de Serviço Social da Universidade Católica de Brasília (UCB) está em seu terceiro emprego em apenas cinco anos. Ele se diz satisfeito na atual ocupação. “O horário me permite estudar e o salário me satisfaz.” Kuba afirma que tinha a possibilidade de trabalhar em casa, mas declinou da oferta. A felicidade no emprego reflete nos resultados. No ano passado, levou o prêmio de melhor empregado de sua equipe.

Aprovação familiar
“O desempenho deles é excelente.” É dessa forma que Juliana Alcântara, coordenadora de RH da Sabin, define a atuação dos PCD’s dentro da empresa. A fórmula encontrada pela rede de laboratórios é simples. Antes de tudo, capacitação: “A gente desenvolve um programa preparatório para o mercado de trabalho”. O programa é aberto a qualquer portador de necessidades especiais. Outra iniciativa é abrir as portas da instituição para a família desses funcionários. Juliana justifica dizendo que a maioria dos deficientes é muito próxima de seus familiares. Assim, quando eles conhecem o local de trabalho e o aprovam, o funcionário é estimulado a continuar lá.

Esse é um dos fatores de retenção lembrados por Enílson Pestana: “O deficiente é muito protegido pela família. Quando ele vai ao mercado de trabalho, sua proteção passa a ser o conhecimento, daí a necessidade de aperfeiçoamento profissional”. E a demanda para PCD’s com boa formação é alta. Juliana afirma que pela dificuldade em preencher as cotas fixadas pela Lei 8.213/91, os profissionais com grande especialização se tornam muito atrativos.

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